Acrobacias Poéticas - 8° Edição

Carlos Drummond de Andrade


Carlos Drummond de Andrade (Itabira, 31 de outubro de 1902 - Rio de Janeiro, 17 de agosto de 1987) foi um poeta, contista e cronista brasileiro, considerado por muitos o mais influente poeta brasileiro do século XX.



No meio do caminho

No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.





Ausência

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim



      A praça foi decorada com corações, o amor estava no ar.

      O público podia utilizar o correio do amor para expressar seus sentimentos, Amanda Souza estava lindamente fantasiada de cupido para receber os recados. A trupe Flutuarte montou uma esquete super divertida para o poema quadrilha, declamado por Sabrina Almeida.
      O evento também contou com a participação de Sidmar Calixto e da cozinheira do amor, Geseni rosa, que ensinou ao público a receita Para Se Viver Um Grande Amor.
      Ao final o público foi convidado a dançar a dança da laranja, lembrando os velhos tempos dos bailinhos, do dançar junto, da paquera e do amor inocente.

      E corações explodiram em confetes finalizando o evento, que encheu a Praça da Emancipação de amor, muito amor com as poesias de Drummond.


Amar

Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer, amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?
Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?
Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho,
e uma ave de rapina.
Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor à procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.
Amar a nossa falta mesma de amor,
e na secura nossa, amar a água implícita,
e o beijo tácito, e a sede infinita.







 

Um pouco do sentir de como é o Acrobacias Poéticas.



Fotos: Andrews Cruz

Equipamento: Tecido Acrobático
Intérpretes: Cecília Viegas, Larissa Cordeiro, Sabrina Petter, Sidmar Calixto, Geseni Rosa e Público.
Acrobatas: Cecília Viegas, Ana Julia e Sabrina Petter.

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